ArtePraia 2012

O ArtePraia, em sua primeira edição, selecionou, através de Edital, artistas do Rio Grande do Norte cujas propostas eram de intervenções em umas das quatro praias urbanas da cidade do Natal, RN, Brasil, escolhidas pelo projeto: Praia do Meio, Redinha, Praia do Forte e Ponta Negra.

Ao todo foram inscritas 40 propostas, e selecionadas seis intervenções, além de um artista convidado pelo curador. A primeira edição do ArtePraia contou também com a artista convidada Lúcia Koch.

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Artistas e obras selecionados

ARTISTA CONVIDADA

Lúcia Koch
Obra: “Externa-dia-praia”

Convidada pela Casa da Ribeira para o  projeto ArtePraia, Lúcia Koch trouxe para  Natal um set de filmagens que, montado nas praias urbanas da cidade, investigou as  possibilidades  de  percepções e sensações  diferentes no  espaços ocupados. Em especial através das cores, que é o principal objeto de pesquisa da artista, podemos nos dar conta de como a forma, que  percebemos o mundo, é alterada de acordo com a iluminação que incide sobre ele.

“Externa –dia – Praia” abordou as relações dos indivíduos com a luz e a significação que atribuímos a ela ao longo do dia. De forma bem simples e, de certa maneira subjetiva, somos levados a provar da experiência  de outras luzes, de sombras com outras cores, para podermos reconhecer de maneira mais efetiva e também afetiva – mesmo que de uma forma bastante sutil – os significados que atribuímos às horas do dia em função da presença ou ausência da luz.

ARTISTAS SELECIONADOS

Chrys Silva
Obra: "Compre seu espaço na praia"

A proposta tratava de duas questões bem ligadas ao contexto das praias urbanas: a ocupação do espaço público por interesses privados e a especulação imobiliária.

Com um megafone Chrystine vendia um espaço na areia da praia por R$ 0,50. O espaço comprado não poderia ultrapassar os limites do próprio corpo do comprador. Ao aceitar a proposta o comprador deitava na areia, o que provocava as marcas dos contornos do seu corpo. A artista reforçava esses limites com tinta guache atóxica verde ou azul, o possibilitou que os corpos dos participantes ganhassem destaque. Ao finalizar o “serviço” uma placa foi colocada com o nome do proprietário. De certo, o contrato efêmero tinha o exato tempo do avanço do mar sobre o território comprado. O trabalho repercutiu também nos vendedores ambulantes que percebiam a venda e apontavam para seus colegas que agora estavam “vendendo espaço na praia”. Não havia informação que aquele era um trabalho de arte o que potencializou a ação. 

Coletivo Lamparina
Obra: “Inviabilidades”

São poucas as escadas e rampas para o acesso da população e muitas em abandono absoluto nas praias urbanas na cidade do Natal/RN. A opção do coletivo foi construir acessos inviáveis: escadas e rampas feitas com areia. A instabilidade do material e a dimensão real dos objetos eram características interessantes da proposta. Os artistas tiveram que experimentar muito para conseguir solucionar as formas projetadas. Fôrmas, mais água, menos água, novos moldes e novas formas de fazer trouxeram um repertório de novas soluções para o coletivo. 

Os objetos ganharam, enfim, contornos muito próximos daqueles objetos reais que poderiam estar ali para facilitar o acesso. Alguns pedestres se confundiram e tentaram utilizar os objetos de areia em sua possível inviabilidade.

Coletivo Potiguart
Obra: “#morrodocareca”

O Morro do Careca na praia de Ponta Negra é um dos principais ícones da cidade. Desde 1994 o morro está interditado para a subida para garantir sua preservação. O Coletivo PotiguART elaborou uma intervenção em projeção em interface computacional com o Twitter. As pessoas puderam utilizar a plataforma da rede social na web para projetar mensagens e imagens no morro com uso da #morrodocareca. Ainda, com o recurso de uma composição algorítmica eram produzidos sons também ativados por essa interação através do Twitter. O resultado foi uma paisagem audiovisual. O transbordamento do projeto se deu principalmente pela ativação da memória da população. Subir no morro do careca, ver o outro lado e descer em grandes saltos, eram práticas de muitos de nós, crianças, que vivíamos em Natal. 

Jean Sartief
Obra: “Mensagem pra Você”

Garrafas com mensagens lançadas ao mar. Imagens frequentes no nosso imaginário. O artista utiliza esse imagético, mas dessa vez com trocas de mensagens feitas através dos papéis dentro de garrafas dispostas na areia da praia. Longos percursos elaborados com uma centena de garrafas.  Mensagens oriundas de intervenções anteriores do artista em outras cidades. Muitas pessoas interessadas em também deixar sua mensagem, que poderiam ser escritas ali ou enviadas por meio de correio eletrônico. Muitas interessadas no próprio objeto. Imagens marcantes de pescadores abraçados com suas garrafas do mar. 

Sofia Bauchwitz
Obra: “Ao mar o que é do mar”

Manipulação sutil na paisagem. Uma tonelada de sal devolvida ao mar pelo esforço da artista. A cada saco de sal esvaziado e a cada gesto acabado vimos Sofia se exaurindo. Um esforço inútil e poético que mobilizou voluntários. Carrinhos de picolé fizeram vez de carrinhos de mão facilitando o trabalho da artista. Pessoas que pararam para ajudar. Uma troca afetiva nos acontecimentos. 

Como traduzir aqui o vivido na espera do avanço do mar para que ele pudesse “recuperar” o que um dia o pertenceu. 

Sofia Bauchwitz
Obra: “Ventemos!"

Tecidos amarrados ao corpo. Corpos conectados ao vento. Corpo em uma paisagem. Criação de paisagem com o corpo. Corpos que foram o próprio espaço e a própria paisagem.